Biografia universal
Cobrei do poeta um esclarecimento sobre quem era o protagonista de seus versos perturbadores (reproduzidos na Colinenses no. 20). Olhem como ele respondeu:
“O "Recordare" é certamente biográfico, só não sei da
biografia de quem... Da minha, da sua, who knows?... Tenho
mesmo uma hipótese pouco ortodoxa, que desenvolvi depois
de ouvir, durante anos, os relatos biográficos dos meus muitos
pacientes. Acredito que as biografias andam soltas por aí e
têm vida independente das pessoas. Na verdade, as biografias
estão sempre à espreita, em cada esquina, em cada curva de
rio, atrás de cada porta, à espera de uma pessoa de quem
gostem... E, aí, pulam em cima do vivente e se colam nele de
tal jeito que nada mais é capaz de desgrudá-las...”
Antes disso, havia mandado o texto para minha irmã, Ana Maria Guimarães Ferraretto, psicóloga, que me enviou, encantada, esta avaliação:
“Genial a poesia do seu colega poeta/psiquiatra! (...) ela diz
respeito a quem? Ao poeta, a você, a uma terceira pessoa? Ao
meu ver, diz respeito a todos nós.
Aliás, essa é a característica essencial a um bom poeta (...):
mergulhar em si e chegar o mais próximo possível do
universal. É algo como o "conhece-te a ti mesmo" do Sócrates.
Afinal, quanto mais mergulhamos na essência do indivíduo,
aparentemente único, mais nos aproximamos do universal. E
da angústia comum ao se deparar com o nada, ou da
esperança de que "o novo dia vai encontrar-me outro: Pedra,
planta, inseto ou passarinho."
(...) chegar a Colina, este "lugarzinho" desconhecido e
minúsculo é, afinal , a busca de todo humano atrás da sua
origem, da sua identidade, do ante-anoitecer em paz e
harmonia. E da valorização de si mesmo. Passárgada. Ou
Maracangalha? Colina...”
Os terapeutas estão de acordo. Mas isso aí está deixando de ser matéria para as Colinenses; é coisa mais para especulação filosófica, até pelo comentário de minha irmã ao fim de seu e-mail, muito pertinente, sobre Colina ao mesmo tempo origem casual e destino cobiçado.
De qualquer maneira, como a poesia parece aplicar-se a todos nós, faz-se prudente relê-la...
Eu já planejei emoldurar e colocar na parede.
Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad ínterim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.
É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009.
Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.com
Aberto às suas opiniões, sugestões, etc...
para saber mais sobre o autor, por favor, acesse os links:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html
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