sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colinenses nº 61 - Réquiem colinense - crônica do Emb Renato Prado Guimarães



                        Naquele livro de mármore branco do túmulo de meu avô, já pensei em gravar, quando com ele pegar carona, estes versos finais de  réquiem que acaba de chegar-me do colega-poeta que tem adornado e enriquecido estas páginas desde a Colinenses inaugural, Cláudio L.N. Guimarães dos Santos:
                     
                 (...)

                 O conhecido, como sempre, é banal, 
                 E o mistério segue sendo indecifrável. 

                 Não te lamentes. 
                 Não faças drama. 
                 Morre quieto como a neve cai: 
                 Em branco.

                  Em branco, no livro branco!
                     
                  Outra frase, esperançosa (ou ameaçadora...), que bem gostaria de que lessem post-mortem no livro branco, esta de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos):

                  Talvez, acabando, comeces... 
               
                  Epígrafes terminais, ou inaugurais! 

                  A ideia é boa, mas tive logo de abandoná-la: serei apenas carona de meu avô, e não sei se ele gostaria... Seria como pegar carona em caminhão e logo querer pintar frase no para-choque. Naquele Almanaque do Turismo Rural, citado aí em cima, encontrei esta expressão colinense, definitiva nas circunstâncias:
             
                  - Quem está na garupa não pega na rédea.

                  Carona tem o vezo invariável de dar palpite, intrometer-se e atrapalhar. Roberto Abdenur, Embaixador também aposentado, mas como sempre muito na ativa,  costumava dizer, irritado por não conseguir enxergar direito no espelho retrovisor, os bancos de seu Renault Gordini atulhados de colegas do Instituto Rio Branco: carona bom mesmo é o que não tem cabeça.  



SOBRE O AUTOR:


Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.

É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009

Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.com
Aberto às suas opiniões, sugestões, etc...

para saber mais sobre o autor, por favor, acesse o link:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html

Um comentário:

  1. Era tudo que precisava ler hoje ...

    Não te lamentes.
    Não faças drama.
    Morre quieto como a neve cai:
    Em branco.

    Obrigada

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