domingo, 18 de outubro de 2015

Colinenses nº 76 - crônica do Emb Renato Prado Guimarães


Flores para o Fiori

Pharmácia Sta. Izabel, Flor na calçada, Flor nas alturas. Os títulos das Colinenses anteriores me fazem lembrar o Fiore. Ou Fiori?
O Antônimo1 acha que tanto faz, pois é uma abreviatura afetuosa de Fioravante. Ora, em italiano, Fiore = flor, Fiori = flores. Por analogia com o português e o espanhol, prefiro o plural. “Senhor Flores” não soa mais próprio e respeitoso do que “Senhor Flor”?
Não importa a grafia, se é singular ou plural, mas sim quem foi e continua sendo uma unanimidade colinense: o Senhor (ou Doutor?) Fioravante Caldana.
Raro, em qualquer lugar, consenso tão homogêneo, abrangente, consistente e persistente, como o que existe com relação ao farmacêutico que por décadas guarneceu a Sta. Izabel. A recordação de seus serviços e méritos sobreviveu a sua existência terrena. Em função de meu vínculo natal com a Pharmácia, as pessoas supõem que eu seja parente dele. E lá vêm elogios e saudade. Parece até que há um certo orgulho nos que foram beneficiários e testemunhas de seu trabalho - orgulho não só por ele e sua prática, mas igualmente por terem sidos por ele cuidados. Tal como o milionário se gaba de ter ido ao Professor X, da Universidade ou Clínica Y, o colinense faz praça de que o Fiori cuidou dele, na Sta. Izabel. “Quanta injeção ele não me aplicou!”, “Minha mãe me levava lá toda vez que eu me machucava”, “Meus irmãos faziam fila para ele tratar”.
Topei muita rua das Flores, nas incontáveis escalas de minha vida de eterno itinerante. Vi agora, no Google Earth, que são milhares, centenas de milhares de ruas das Flores, des Fleurs, de las Flores, Flowerstreets, Blümenstrasse, via dei Fiori. Em Colina não tem, pois aqui só dá nome de gente e data para logradouro público2.
E, que eu saiba, não há rua com o nome do Fiori. Não seria uma homenagem merecida por quem tanto fez, com dedicação, competência e espírito público, por tantos e tantos anos e para tanta e tanta gente?
Rua ou outro tipo de logradouro, de preferência perto de onde ele exerceu seu ofício. Sem prejuízo de Dona Ignácia, senhora patronímica do todo, talvez se pudesse batizar com o nome dele (e das flores) algo na Praça da Matriz, junto à Pharmácia: o Coreto, um Calçadão... Ou talvez erguer um discreto monumento ao pé do coreto, aludindo a sua obra de décadas, executada dia a dia ali do outro lado da rua?
Fica a ideia. E o apoio, se alguém se propõe levar ela adiante.
Fiori para o Fiori!

1 É quem toca este blogue, responsável por sua excelência, seus quase 300.000 acessos e por todo esse acervo histórico que nele se vem incansavelmente compilando – de fazer inveja para qualquer cidade, grande ou pequena, no Brasil e no mundo. . Não o conheço, nem de nome. Ele diz que se chama Antônio, e no mais se esconde, permanece anônimo. Por isso eu o chamo de Antônimo. O que me dá azo a que de vez em quando o provoque, arguindo que ele anda precisado de sinonímia. Alguém sabe quem é o Antônio Anônimo, e pode me dizer? Respostas a rpguimar@gmail.com; toda reserva garantida ao(s) denunciante(s).



2 Com as exceções da praxe, como a da Praça dos Direitos Humanos, endereço intrigante de nosso cemitério, do qual já se tratou antes nestas Colinenses (59, 60, 61, e sobretudo na “Velório Errado”, Série 2.015).

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