Retrógrado
ou visionário?
Olhem só o que apareceu no Facebook:
este
embaixador que escreve, ele nem
aparece pra ver os comentarios e
agradecer o que escrevemos
dele..nunca vi um escritor assim...
ele é bom, so falta ser mais legal
dá um toque pro homen
fala pra ele ser mais dado com o
publico dele
falta um pouco de humildade
eu gosto das coisas que ele escreve
soto falando que eu agradeço qdo me
elogiam
que gostam do que escrevo
(...)
não falei mal doque ele escreve, as
crônicas são perfeitas
liqse todas, adoro
por isso que penso
ohomen não pode ser chato
(...)
eu nem tenho ele no meu face
e nem o conheço
Puxão de orelha danado.
Só que na orelha errada.
Eu nunca deixo nada sem resposta, nem deixo de agradecer, ou
retorquir, o que me toca.
À condição de que saiba a respeito da mensagem, e tenha o endereço
de volta, claro.
Se reprimenda mereço, é por não ter ideia de como operar nessa
caixa preta, ilegível e intransitável, que é o tal de Facebook, no qual me
aventurei há nem dez dias. Não deu espaço nem tempo pra aprender nada, só isso
aí: que é uma caixa preta, para mim impraticável.
Caixa preta de surpresas descoloridas.
Alguém pode me ensinar como se faz pra sair, no escuro?
Muito obrigado a quem escreveu o transcrito aí em cima, pelo que
diz de bom, generoso e imerecido, a propósito destes rabiscos sem pretensão. E
também por haver demonstrado, cabalmente, que não deveria ter-me atrevido em
terreno tão ignoto e ínvio para minha avançada idade biológica – e serôdia,
retardadíssima, idade tecnológica.
Se alguém quiser comunicar-se comigo, escreva a rpguimar@gmail.com que será muito
bem-vindo. E terá resposta. O e-mail é o ponto mais alto que logrei atingir da
galopante TI digital.
Ademais, eu sou do tempo em que a comunicação epistolar era
bilateral, carta para mais de um já era fofoca, intriga ou conspiração; em
qualquer caso, indiscrição. Não é como agora, quando muito se escreve é para a
plateia, o interlocutor ocasional parece só pretexto na mega-vulgarização
epistolar que é a plataforma das redes sociais, a meu juízo oportunista e
mercenária – além de promíscua. Minha filha mais velha, assídua nas novidades
da Net, mas nem por isso menos inteligente e sensível, chega a dizer que o FB é
o espelho das vaidades de uma geração narcísica. E há muita gente dizendo, com
autoridade e propriedade – além de bom senso –, que o FB está provocando uma
virada cultural no gênero humano, para baixo e para pior – muito pior.(Só um exemplo: VEJA
publicou, em seu número 2306, de 30/01/2013, artigo sob o título “A Rede da
Inveja”, que anuncia “uma surpresa revelada por pesquisas científicas: para
muita gente, o Facebook é uma fonte permanente de frustração e
angústia”).
Retrógrado, eu? Quem sabe. Afinal, o retrógrado de hoje pode ser o
visionário do amanhã.
Pois é, de brio machucado por minha confessa e pública inadaptação
ao FB, ainda vou reproduzir nestas Colinenses um texto que saiu em minhas
“Crônicas do Inesperado”, e que mostra como este retrógrado/ex-visionário
estava no time que concebeu e criou, nos anos 1980. a primeira Intranet
brasileira, com núcleo de gestão em Brasília e Nova York, bem como terminais
permanentes em quase uma centena de cidades em todo o mundo.
E isso antes mesmo da Internet existir!
Sou um precursor da Internet!
Vim antes do Steve Jobs e do Bill Gates! Sem contar esse
dispensável Mark Zuckerberg... Diferença está em que eles são ricos, eu sou
pobre.
Sem falar que, à mesma época, quando não tinha Windows, nem
Office, nem Word, nem mesmo o prestativo mouse, fui eu quem deu início, na
Embaixada em Washington, à alfabetização em português do XyWrite, dos
primeiros, mais eficientes e sucintos editores de textos a existir, ainda em
plataforma DOS (alguém se lembra?). O Xy aprendeu direitinho, e no momento
certo de nosso teclado, a usar o c cedilha, as crases, o agudo, o til, o
circunflexo, com o que se tornou pela primeira vez possível o uso da computação
para textos oficiais em nosso idioma, àquela altura (e ainda hoje!) tão
olvidado, desmerecido, nas inovações informáticas – a última flor do Lácio a um
tempo esplendor e sepultura também nos dígitos da TI... (Pois não é que a Apple
ainda não tem teclado brasileiro em seus laptops, nem para o iMac, mesmo quando
vende no Brasil!)
O Facebook? Deve ter atrativos extraordinários para quem consegue
dominar seus mecanismos e se ajuste a seu ambiente de intimidades artificiais e
de despojamento desvairado da privacidade individual.
Que os compatriotas colinenses, fãs do lado lúdico do
Facebook, e fascinados por sua capacidade de multiplicar contatos e relações,
me entendam e respeitem, portanto, em minha imperiosa renúncia ao engenho
mirífico. Não posso correr o risco de deixar de responder a mensagens, de
corresponder a amizades sinceras, e gratas, simplesmente por não enxergar
dentro da caixa preta. Nem posso conviver com meu constrangimento perene ante
esse desnudamento forçado da identidade individual, que o FB promove e explora.
Aguentei duas semanas angustiosas, seu partícipe relutante, mas...
Sou de outros tempos.
De tempos do passado, sim, mas talvez também do futuro...
Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.
É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009
Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.comAberto às suas opiniões, sugestões, etc...
para saber mais sobre o autor, por favor, acesse os links:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.
É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009
Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.comAberto às suas opiniões, sugestões, etc...
para saber mais sobre o autor, por favor, acesse os links:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html
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