sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colinenses no. 63 - Wikipedia viradora - crônica do Emb Renato Prado Guimarães



                   De repente, me perco.  Onde estou? Fui checar na web e encontrei na Wikipedia que  “Alta Paulista” designa região lá pros lados de  Garça, Marília, Tupã, dando pro rio Paraná.  Onde está a Alta Paulista de minha infância, de Bebedouro, Colina, Barretos, servida até o rio Grande, em bitola larga, pela exemplar e saudosa  Companhia Paulista de Estradas de Ferro  - a das iniciais entrelaçadas, CP? Estou perplexo. Vou pesquisar. Um dia, ainda acho os caminhos de meu passado. A não ser que já seja o Alzheimer e os nomes já não façam mais sentido, nem os nomeados. Nem, por sinal, o tal passado e seus caminhos.
                   
                   Felizmente, o Zé Cantídio logo me esclareceu: isto aqui era a Paulista, sem adjetivo; quando a ferrovia se expandiu para aqueles outros lados, estes tomaram o nome de Alta Paulista, ficando a nossa região conhecida como Paulista, sem mais - a Paulista original ou a Paulista Velha. 

                   Mas Mogiana é que nunca foi, nem é! 

                   É bem verdade que a Wikipedia também erra. 

                   Sempre cismei com o nome de nossa simpática vizinha Viradouro. De onde vem? Segundo a enciclopédia digital, e remota, 

                   A história de Viradouro começou numa fazenda de propriedade do capitão Antonio Machado da Silveira e sua esposa Hipólita Pladina da Silveira. O local marcava o ponto final de uma estrada e obrigava os viajantes a virar, daí o nome Viradouro. 

                   Não me convenci. E o acaso me deu razão. Um dia fui atrás de umas luzes (elétricas) naquelas lojas de lustres e cristais da Rua da Consolação, em São Paulo. Na porta de uma me recomendaram dar a volta e entrar pelo estacionamento de clientes, pela rua de trás. Lá fui, encontrei a porta  e me meti com o Ka por uma ruela estreita, entre muros e casas. Quando o espaço se ampliou, um atendente pediu para parar o carro em cima de uma placa de ferro no chão, redonda, e com uma mão, descuidada, começou a mover o Ka. Em direção para mim inusitada: nem pra frente, nem pra trás, mas em torno de mim próprio, até chegar à direção mais prática para a manobra.  Num átimo caiu a ficha: descobri de onde vinha Viradouro. 

                    Eu estava em cima dele!

                    Vejam o que diz o Houaiss, de viradoro: 

                    2 estrado móvel usado para alterar o sentido de uma locomotiva; girador
                    2.1 triângulo de reversão das estradas de ferro, que tem a mesma função

                   Pois é. O Dantinho Guarnieri, que sabe mais do que qualquer enciclopédia, confirma agora: a vila estava no fim do ramal da Paulista, e havia um viradouro para girar a máquina no rumo do retorno. Diz ele que o lugar ainda está lá. Vou ver.  

                   Só falta escolher: Viradouro ou Viradoro? 

                   Decerto nossos amigos da cidade preferirão ser viradourenses, jamais viradores – muito menos virados.  

                   Parece que aqui perto já houve uma outra discussão ortográfico-toponímica séria, esta de dar briga feia: Jabuticabal ou Jaboticabal, o animal ou a fruta, com u ou com o? Mas por que mexer nisso? Jabuti não morde; mas jabuticaba (ou jaboticaba?) tem vespeiro! 

                   Ademais, quando for escrever de Jaboticabal, vou tratar é de coisa santa. 


SOBRE O AUTOR:


Renato Prado Guimarães nasceu em Colina, Estado de São Paulo.
Começou a carreira profissional como jornalista, nas “Folhas” e no “O Estado de S. Paulo”; paralelamente, formou-se na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco.Diplomata desde 1963, foi Secretário de Embaixada em Bruxelas e Bogotá, Chefe do Escritório Comercial do Brasil nos EUA, Cônsul Geral ad interim em Nova York, Ministro-Conselheiro na Embaixada em Washington e Encarregado de Negócios junto aos EUA, ad ínterim.Promovido a
Embaixador em 1987, exerceu aquela função na Venezuela, no Uruguai e na Austrália (cumulativamente, também na Nova Zelândia e em Papua-Nova Guiné). Foi igualmente Cônsul-Geral do Brasil em Frankfurt, na Alemanha, e em Tóquio, no Japão.
No Brasil, foi Chefe da Divisão de Programas de Promoção Comercial, porta-voz do Itamaraty na gestão Olavo Setúbal e Chefe do Gabinete do Ministro Abreu Sodré; fora de Brasília, foi Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo – ERESP, que instalou.Aposentou-se em abril de 2.008. Reside atualmente em Colina, sua terra natal, interior de São Paulo, Brasil.


É o autor de “Crônicas do Inesperado”, lançado em outubro de 2.009

Para contatos, usar o endereço de e-mail rpguimar@gmail.com
Aberto às suas opiniões, sugestões, etc...

para saber mais sobre o autor, por favor, acesse o link:
http://colinaspaulo.blogspot.com.br/2012/04/renato-prato-guimaraes-autor-colinense.html

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