Fazenda Retiro: Escola Mista
A VENDA DOS ZAPELLA - Luiz e Guilhermina.
por
Fatima Zapella
A
Venda ficava na Fazenda Retiro, na beira da estrada de terra que
ligava Colina a Monte Azul. O movimento era grande, porque morava
bastante gente na colônia da Fazenda Retiro, e vinha gente das
fazendas vizinhas também. Na Venda tinha de tudo um pouco:
mantimentos, alpargatas, panelas, botinas, fumo de corda, doces...
Meu avô passou ali mais da metade de sua vida (acredito que desde a
década de 40) e de lá tirou o sustento da sua grande família, de
13 filhos.
A venda fazia parte da casa. Acredito que meu avô morava lá em regime de comodato; nunca soube que houvesse compensação financeira de nenhuma das partes: era vantajoso para a Fazenda ter o comércio que abastecesse os colonos, e para o Zapella ter moradia e fonte de renda.
A venda fazia parte da casa. Acredito que meu avô morava lá em regime de comodato; nunca soube que houvesse compensação financeira de nenhuma das partes: era vantajoso para a Fazenda ter o comércio que abastecesse os colonos, e para o Zapella ter moradia e fonte de renda.
Havia
um campo de bocha em frente à venda e, nos domingos à tarde, tinha
jogo de tômbola e baralho. Tenho lembranças muito esparsas, mas
sempre da venda cheia de gente, com muito falatório, risadas,
brincadeiras. Era um lugar alegre.
Aos
poucos, com as mudanças na agricultura, a necessidade das colônias
foi acabando, surgiram os bóias frias, e o movimento da venda foi
diminuindo.
Meu avô e o tio Vate criaram calos nos cotovelos, e os calos chegaram a inflamar, de tanto ficarem debruçados no balcão, à espera dos esparsos fregueses.
Meu avô e o tio Vate criaram calos nos cotovelos, e os calos chegaram a inflamar, de tanto ficarem debruçados no balcão, à espera dos esparsos fregueses.
Eu
nasci lá, em 1957, num quarto "pegado" ao cômodo onde
funcionava a venda. Meus pais (Rubens Zapella e Rosa Arduino) moraram
lá um tempo desde que se casaram - de 1955 a 1957. Na adolescência
eu ia sempre nas férias (já morava em São Paulo) e a casa sempre
estava cheia.
Duas coisas váo estar sempre associadas àquela casa: sopa de feijão (todos os dias no jantar, muito, mas muito gostosa!) e uma limpeza de dar até raiva. O terreiro era varrido até não sobrar uma folhinha, e os tapetes, todos, apesar de toda aquela terra vermelha, eram branquíssimos!
Também me lembro do pé de seriguela e das paineiras - ao pé de uma delas foram celebradas as Bodas de Ouro dos meus avós, em 1974.
Duas coisas váo estar sempre associadas àquela casa: sopa de feijão (todos os dias no jantar, muito, mas muito gostosa!) e uma limpeza de dar até raiva. O terreiro era varrido até não sobrar uma folhinha, e os tapetes, todos, apesar de toda aquela terra vermelha, eram branquíssimos!
Também me lembro do pé de seriguela e das paineiras - ao pé de uma delas foram celebradas as Bodas de Ouro dos meus avós, em 1974.
Lá
ainda moraram outros familiares: o tio Vate (Osvaldo Zapella) e a
mulher, tia Idinha, que não tiveram filhos e sempre moraram com o
vovô Luiz e a vovó Guilhermina.
Antes de nós moraram lá o tio Alexandre (irmão do vovô) com a mulher, Aurélia Soldeira, e o tio Nadi (Arnaldo Zapella), irmão do meu pai, com a esposa, Linda. Além deles, a nona Pierina, que morreu em 1969, com 82 anos. Quem sempre trabalhou na venda foram o vovô, meu pai (até se mudar de lá) e tio Vate. Os outros ajudavam aos domingos.
Antes de nós moraram lá o tio Alexandre (irmão do vovô) com a mulher, Aurélia Soldeira, e o tio Nadi (Arnaldo Zapella), irmão do meu pai, com a esposa, Linda. Além deles, a nona Pierina, que morreu em 1969, com 82 anos. Quem sempre trabalhou na venda foram o vovô, meu pai (até se mudar de lá) e tio Vate. Os outros ajudavam aos domingos.
A
Fazenda Retiro acabou - foi dividida entre os filhos do Nenê
Junqueira, a venda por fim fechou, e meu avô se mudou pra Colina no
começo da década de 80, onde morreu, em 1984.
A respeito da narrativa escreveu o Embaixador Renato Prado Guimarães:
A respeito da narrativa escreveu o Embaixador Renato Prado Guimarães:
"Gostei muito. Narrativa singela, sensível e sensibilizadora. Gerações e gerações girando ao redor da venda da estrada, suporte e referência familiar por décadas e décadas! Que saga! Dá romance, Fátima!".
o blogueiro me questiona como se chegava à venda, se era com a jardineira. era sim, e a estrada era de terra, poeirenta que só!
ResponderExcluiro ponto era em frente à venda, e a gente esperava a jardineira na porteira :)
Fátima, acredito que conheci seu tio Arnaldo aqui em Americana, morava no Jardim São Pedro. Gostava de jogar baralho debaixo de uns pé de ipês em frente a casa do um irmão meu.
ResponderExcluirSobre a pergunta do blogueiro: além da jardineira, também se chegava das fazendas vizinhas - pois muitos faziam compras lá - à cavalo, charrete, bicicleta...
é verdade, nestor, meu tio arnaldo (nadi, como nós o chamávamos) morou em americana.
ResponderExcluirrealmente, pelo pessoal das fazendas vizinhas esses os meios de transporte mais usados. quando eu me referi à jardineira pensei só em mim :)
Fatima , Boa tarde !
ResponderExcluirFiquei muito emocionado em falar da minha Família Zapella, tempos que creio eu que não se tinha tecnologia mas se tinha afeto , carinho e alegria entre as pessoas , tempos que as pessoas se reuniam e faziam grandes festas me lembro muito do sitio de meu avô no são jose dos macacos onde passei grande parte da minha infância brincando ali , sou neto do Sr João Zapella , e filho do meu saudoso grande pai João Zapella Filho
abraços
Tiago Zapella
QUANTA SAUDADE!!!!! FRENQUENTEI MUITO A VENDA E A CASA E ADORAVA TODOS MUUUUUITO!!!! SAUDADE ETERNA !!!!! MÁRCIA
ResponderExcluirSou filho da Vandeliz Zapella (Vanda), neto do Alexandre Zapella e Aurelia Sodera. Foi um prazer ler sobre parte da historia da nossa família. Me lembro de ter ido 2 vezes para a fazenda, ocasiões que fomos bem recebidos. Para uma criança de São Paulo, ficar na venda era algo totalmente diferente. Era extraordinário!
ResponderExcluirTemos fotos de todos, do Tio Luis, Tia Mina, da Idinha e do Vate. Lembro até dos cachorros Tio e Sheick.
Felicidades a Todos.
Flavio Gomes Ferreira