A história de Colina começa a ser contada a partir de José Venâncio Dias, no início do século XX, mas tem muito mais...
ENTRANTES: MINEIROS EM TERRAS PAULISTAS
Para se fixar no nordeste paulista como criador e agricultor, Francisco Antônio Diniz Junqueira (um dos mais importantes “entrantes”, isto é, desbravadores do Norte Paulista) e sua família fizeram parte do processo migratório originário do sul de Minas. Este mineiro, natural de Baependi-MG, nasceu em 1784 e foi casado em primeiras núpcias com Mariana Constança de Andrade com quem teve sete filhos que chegaram à fase adulta. Descendia de uma importante família do sul de Minas Gerais, os Junqueira. Filho de Maria Francisca da Encarnação e do português (natural de Braga) Gabriel de Souza Diniz, tinha como avós maternos o português João Francisco Junqueira natural do Termo de Barcelos e a brasileira descendente de portugueses Elena Maria do Espírito Santo - o casal fundador da família Junqueira, imigrantes portugueses que vieram para o Brasil em meados do século XVIII e se instalaram em Minas Gerais. Nascido na Fazenda Favacho, em Cruzília, MG, casado em segundas núpcias com sua prima, D. Genoveva Clara Diniz Junqueira, filha de Gabriel de Sousa Diniz, foi batizado em 12/julho/1792. Foi um desbravador das terras do interior paulista com autorização do futuro imperador D. Pedro I, que lhe concedeu a patente de Tenente-mor. O Tenente Francisco Antonio Diniz Junqueira organizou uma grande empreitada, acompanhado de seu concunhado, o Alferes João José de Carvalho, e de seu irmão mais velho, o capitão João Francisco Junqueira, suas esposas, agregados, escravos e demais serviçais. Munidos de concessões de sesmarias , migraram para a região nordeste de São Paulo, onde chegaram em setembro de 1816. Ocuparam definitivamente as terras situadas na margem esquerda do rio Grande e foram os primeiros desbravadores da região compreendida entre os rios Grande, Pardo e Cachoeirinha (Nota: o Rio Cachoeirinha passa por Monte Azul, Severínia e Olímpia). A migração para áreas de fronteira mostrou-se uma importante ferramenta para a obtenção de terras por parte de membros da família Junqueira.
Como atesta Brioschi (1985, p. 51): “(...) uma grande família do sudeste brasileiro, tradicionalmente ligada à atividade agropecuária e que mantém uma hegemonia econômica, social e política, através de alguns de seus membros, até os dias atuais. Originária do sul de Minas Gerais, de onde se expandiu para o oeste atingindo as terras roxas paulistas, o Triângulo Mineiro e Goiás e para leste até o Rio de Janeiro, passando pela Zona da Mata Mineira, até o final do século XIX”.
Em 5 de setembro de 1816, acamparam às margens do Ribeirão do Rosário e ali ficaram detidos por chuvas torrenciais e incessantes até o dia 27 de setembro, mas não partiram e resolveram ali ficar, criando a Fazenda Invernada, até hoje existente. João José de Carvalho e esposa se instalaram na atual Morro Agudo, em uma fazenda chamada Santo Ignácio.
Até chegarem aí, passaram por São Bento de Aracoara, Arraial Bonito do Capim Mimoso (atual Franca), Mato Grosso de Batatais e Morro do Chapéu (atual cidade de Morro Agudo). Atingiram a barranca do Rio Pardo alcançando o córrego Cachoeirinha, improvisando canoas para realizarem a travessia do caudal. (site da Prefeitura Municipal de Barretos - http://www.barretos.sp.gov.br/site-imprimir-migracaodafamiliabarretohttp://www.unica.com.br/images/mmbMember/164D5501-69C3-40A1-A064-E0A2AEE255E3.jpg
http://www.flickr.com/photos/mangalarga_do_sheik/2566021065/
Trouxeram consigo o rebanho, a experiência no preparo da terra e, principalmente, um bom capital, fruto de trabalho árduo na região da Comarca de Rio das Mortes. A estrada dos Goyases com suas possibilidades de comércio e os cerrados com sua facilidade de circulação e preparação dos pastos, auxiliados por um clima brando, foram decisivos para o estabelecimento dos migrantes mineiros em terras paulistas. Francisco Antônio e João José, apossaram-se de imensa área tanto à direita - atuais municípios de Orlândia, Morro Agudo, São Joaquim da Barra, Ipuã, Guaíra, Miguelópolis, e a Fazenda Melancias (esta já na Província de Minas Gerais); quanto à margem esquerda do Rio Pardo, parte da região outrora conhecida por Sertão de Araraquara. Francisco Antônio e sua esposa Genoveva Clara moravam intermitentemente na Fazenda das Melancias e Fazenda Invernada, primeiro núcleo de povoamento de Morro Agudo (então distrito de Batatais) e que era um gigantesco latifúndio, com 70.000 alqueires, área que abrangia os atuais municípios de Guaíra, Barretos, Olímpia, Morro Agudo, Monte Azul, Colina, Terra Roxa e a fazenda Mata Chica (em Morro Agudo) e foi um dos maiores criadores de gado da região de Batatais. Francisco Antônio faleceu em 30 de abril de 1848, em Batatais, SP. O casal teve 21 filhos, dos quais 6 chegaram à maioridade.
Nota: Fazenda Invernada - município de São Bom Jesus da Cana Verde, hoje Batatais, local onde os primeiros Junqueiras se estabeleceram, no Sertão do Rio Pardo, região da futura cidade de Orlândia, Alta Mogiana. A casa da foto foi construída pelo filho de Francisco Antonio, Francisco Marcolino (vide abaixo). Começou a ser construída em 1867 e terminou em 1877.
http://www.panoramio.com/photo/15117478 (fotos das fazendas Invernada & Melancias)
O Alferes João José de Carvalho nasceu em 1784 em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais. Era filho de José João Dias e Mariana Alves Pedrosa e casado com Helena Diniz Junqueira. Antes da proclamação da independência, estava em Batatais com a família, possuidor de grandes extensões de terras de campos e culturas na fazenda denominada Santo Inácio. No censo de 1822, João José de Carvalho declarou ter 34 escravos, sendo 24 do sexo masculino. João José de Carvalho tinha apossado a vasta gleba das Palmeiras, banhada pelo ribeirão do mesmo nome, na margem esquerda do Rio Pardo, com 51.979 alqueires, mais de 1.200 km², dos quais 700, aproximadamente, constituíam, na década de 1850, a maior e melhor porção do município de Colina.
A familia Junqueira se expandiu para outras áreas de Minas Gerais (sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata), nordeste e oeste paulista, Goiás e Rio de Janeiro. Outros membros da família tiveram destino semelhante ao de Francisco Antônio Diniz Junqueira e se estabeleceram no nordeste paulista: três de suas irmãs (ao todo eram nove filhos) foram viver em Batatais e São Simão, assim como outros primos. Por sua vez, como a endogamia entre os Junqueira era uma característica predominante nos casamentos, os primos eram também cunhados. Francisco Antônio Diniz Junqueira deve ter chegado à freguesia de Franca na década de 1810 (o primeiro registro que encontramos em seu nome data de 1817). Em 1819, já Capitão-mor, foi listado como branco, casado, natural das Gerais e com 21 escravos em seu fogo. Segundo o vigário Joaquim Martins Rodrigues, elaborador da Lista10, Francisco Antônio Diniz Junqueira era um homem “de probidade”, Para acompanhar a trajetória desse senhor e a de seus escravos, consultamos as Listas Nominativas de Habitantes de 1825 (ano em que ficou viúvo) e 1829 (última lista em que o encontramos). Além destas, consultamos os inventários post mortem de Mariana Constância de Andrade (1826) e de Francisco Antônio Diniz Junqueira (1843). Em comparação com os proprietários de escravos em Franca, Francisco Antônio Diniz Junqueira era um grande proprietário de escravos e importante criador de gado. Podemos perceber a continuidade das atividades da família Junqueira no sul de Minas para o nordeste paulista.
Em 1825, Francisco Antônio Diniz Junqueira é arrolado como “agricultor e criador”, o que se repete em 1829 cuja atividade mencionada foi “da lavoura” e “criação”. Compunham seu domicílio, em 1825, seus sete filhos (menores de idade), 28 escravos e três camaradas. Além destes, estavam presentes as famílias de duas filhas casadas e seus escravos: José Ferreira Muniz casado com Sabina Diniz, seus dois filhos e três escravos e a outra filha, Hipólita Diniz, casada com José Carlos da Silva e duas escravas. No inventário de Francisco Antônio Diniz Junqueira (1843) há indicações de que estas duas filhas eram ilegítimas (já que não são fruto dos dois casamentos de Francisco Antônio e foram mencionadas como herdeiros naturais - uma vez que casadas, seus maridos eram o cabeça do casal). Além disso, Mariana Constança de Andrade foi sua esposa em primeiras núpcias. O filho mais novo de Francisco Antônio, de nome Francisco Marcolino Diniz Junqueira e vulgo ‘Capitão Chico’, casado com Maria Paula Junqueira Franco, seguindo a tradição familiar, levou avante a conquista do sertão. Suas posses avançavam além do Rio Pardo e a sua sede ainda era a Fazenda Invernada. Mandou construir uma capela no Arraial do Chapéu, hoje Morro Agudo, e também patrocinou a vinda do primeiro padre do Arraial, Padre Monsueto Ferrari que morava em Sant´Anna dos Olhos D´agua, hoje Ipuã
(Nota: José Venâncio Dias nasceu em Ipuã).
Francisco Orlando Diniz Junqueira (1858-1940), filho do Capitão Chico, grande fazendeiro, plantador de café e criador de gado Vacum e aprimorador da raça Mangalarga, estabeleceu-se na Fazenda Bela Vista. Em 1900, a Cia Mogiana de Estradas de Ferro construía um ramal até Uberaba, nas Minas Gerais, para o melhor aproveitamento da região agrícola e escoamento de mercadorias da chamada Alta Mogiana. Em 1901, a Estação Coronel Orlando foi inaugurada e a seu redor começaram a surgir as primeiras moradas passando a chamar-se Vila Orlando. Em 1907, foi levantado um cruzeiro para uma missa campal, onde a partir do ano seguinte, começou a construção da Igreja de Santa Genoveva, em homenagem póstuma à esposa do Coronel Orlando, dona Genoveva Angélica Teixeira Junqueira. Em 1909, a vila já contava com 11 casas e uns 50 habitantes. No dia 30 de março de 1909, passou ao status de Município e Comarca regional. - http://www.orlandia.sp.gov.br/historia.htm
http://mangalargamangalarga.blogspot.com/l: Entrantes no Sertão do Rio Pardo - os mineiros ocupam o nordeste de São Paulo.
ENTRANTES NO SERTÃO DO RIO PARDO
Lucila R. Brioshi e Outros Autores
Nota: vide na página Barretos, acima no blog, como os primeiros desbravadores (entrantes mineiros) chegaram a Barretos e o seu relacionamento com os Junqueiras...
COLINA / SÃO PAULO / HISTÓRICO
Em meados do século XIX, os mineiros Alferes João José de Carvalho e o tenente Antônio Francisco Diniz Junqueira tomaram posse da fazenda Palmares, iniciando a colonização do chamado baixo Sertão de Araraquara. Passados alguns anos, os povoadores locais fundaram a cidade de Barretos, que constituiu um ponto de convergência das atividades comerciais da região, onde novas famílias radicaram-se, iniciando vários povoados.
Um destes núcleos, Colina, foi fundado pelo coronel José Venâncio Dias, que doou terras de sua propriedade - Fazenda Colina, para formação do patrimônio. O imigrante Italiano José Fabri construiu a primeira casa, onde estabeleceu uma pousada de tropeiros e madeireiros. Logo foram construídas novas habitações, destacando-se entre seus moradores, Osório Leite, Benjamim Palomico, Augusto Costa e Joaquim Alves Teixeira.
No início do século XX, em função da expansão da cafeicultura no norte do Estado, a Companhia Paulista de Estrada de Ferro construiu uma estação no povoado. O café, cultivado em larga escala, possibilitou o desenvolvimento de Colina, onde, em 1917, foi criado o Distrito de Paz e elevado a Município, em 1925. As sucessivas crises do café e os sucessos obtidos pela pecuária em Barretos, motivaram a
transformação de muitas fazendas, em campos de pastagens. Anos mais tarde, o Governo Estadual adquiriu a fazenda Colina para pesquisas agropecuárias e as técnicas desenvolvidas incentivaram a policultura, destacando-se, atualmente, a citricultura, algodão e milho.
GENTÍLICO: COLINENSE
Em meados do século XIX, os mineiros Alferes João José de Carvalho e o tenente Antônio Francisco Diniz Junqueira tomaram posse da fazenda Palmares, iniciando a colonização do chamado baixo Sertão de Araraquara. Passados alguns anos, os povoadores locais fundaram a cidade de Barretos, que constituiu um ponto de convergência das atividades comerciais da região, onde novas famílias radicaram-se, iniciando vários povoados.
Um destes núcleos, Colina, foi fundado pelo coronel José Venâncio Dias, que doou terras de sua propriedade - Fazenda Colina, para formação do patrimônio. O imigrante Italiano José Fabri construiu a primeira casa, onde estabeleceu uma pousada de tropeiros e madeireiros. Logo foram construídas novas habitações, destacando-se entre seus moradores, Osório Leite, Benjamim Palomico, Augusto Costa e Joaquim Alves Teixeira.
No início do século XX, em função da expansão da cafeicultura no norte do Estado, a Companhia Paulista de Estrada de Ferro construiu uma estação no povoado. O café, cultivado em larga escala, possibilitou o desenvolvimento de Colina, onde, em 1917, foi criado o Distrito de Paz e elevado a Município, em 1925. As sucessivas crises do café e os sucessos obtidos pela pecuária em Barretos, motivaram a
transformação de muitas fazendas, em campos de pastagens. Anos mais tarde, o Governo Estadual adquiriu a fazenda Colina para pesquisas agropecuárias e as técnicas desenvolvidas incentivaram a policultura, destacando-se, atualmente, a citricultura, algodão e milho.
GENTÍLICO: COLINENSE
Distrito criado com a denominação de Colina, por Lei no 1572, de 07 de dezembro de 1917, no Município de Barretos.
Nos quadros de apuração do Recenseamento Gearal de I-IX-1920, Colina figura como distrito do Município de Barretos.
Elevado à categoria de Município com a denominação de Colina, por Lei Estadual nº 2096, de 24 de dezembro de 1925, desmembrado de Barretos. Constituído de 2 Distritos: Colina e Jaborandi. Sua instalação verificou-se no dia 21 de abril de 1926.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o Município de Colinas compõe-se de 2 Distritos: Colina e Jaborandi.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, bem como no quadro anexo ao Decreto- lei
Estadual nº 9073, de 31 de março de 1938, o Município de Colinas pertence ao termo judiciário de Barretos, da comarca de Barretos e se divide em 2 Distritos: Colina e Jaborandi.
No quadro fixado, pelo Decreto Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938, para 1939-1943, o Município de Colina é composto dos Distritos de Colinas e Jaborandi, e pertence ao termo de Barretos, da comarca de Barretos.
Em virtude do Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30 de novembro de 1944, que fixou o quadro territorial para vigorar em 1945-1948, o Município de Colina ficou composto dos Distritos de Colina e Jaborandi e pertence ao termo e comarca de Barretos.
Aparece no quadro territorial 1949-53, fixado pela Lei nº 233, de 24-XII-1948, composto de 1 único Distrito, Colina, em vista de haver sido elevado à categoria de Município o Distrito de Jaborandi.
Assim permanece no quadro fixado pela Lei nº 2456, para vigorar em 1954-1958, comarca de Barretos. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído do Distrito Sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 15-VII-1999.
Fonte IBGE
Ainda sobre a história de Colina, acesse estes links:
Fundação de Colina - documentos e famílias fundadoras
Rua 13 de maio com Av. Manoel Palomino Fernandes - onde a cidade começou
na verdade o que nao se fala, é que o nome do coronel é jose venancio junqueira dias, irmao de dona ignacia junqueira dias (nome de solteira) que homenageia a praça de colina. ela era herdeira e dona da fazenda vizinha a do coronel seu irmao,a faz. da onça (seu marido joao da onça foi herdeiro de terras em morro agudo, mas as perdeu por dividas)
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