segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O SERTÃO DE ARARAQUARA


O SERTÃO DE ARARAQUARA:
O ambiente original da região de Araraquara, desde o médio Tietê e Piracicaba e daí ao norte até o rio Grande e a oeste até o rio Paraná, apresenta diferentes formações. Seguindo os espigões de terreno suavemente ondulado e as encostas viceja a floreta semidecídua. De acordo com as informações documentais disponíveis, esses cerrados, campos e florestas iniciam-se ao pé da Serra de Araraquara e daí estendem-se até o rios Grande e Paraná. Em conseqüência, a fauna também é bastante diversificada. São encontrados com freqüência tipos de fauna adaptáveis ao ambiente ribeirinho, tais como a lontra, o jacaré, a anta e a capivara, os dois últimos considerados os maiores mamíferos autóctones do Brasil; espécimes característicos de campo como o veado, o tatu e o tamanduá; animais de áreas florestais como o macaco, o queixada, a onça entre outros, além de uma rica diversidade de avifauna: aves aquáticas e aves dos cerrados e florestas.
De um extremo a outro de ambas descrições temos os campos e as florestas e, entre um e outro, um gradiente de formações de cerrados. Luis Pedroso de Barros (bandeirante, 1608/1662) certamente não encontrou, pois, campos limpos que pudessem facilitar a abertura de estradas, mas campos cerrados e cerradões, catanduvas na língua geral. No entanto, há mais um elemento na descrição de Luiz Pedroso de Barros (e na realidade dos fatos) que não se encaixa na definição de cerrado lato sensu. A menção às pontas de mata virgem, ou matas boas, matas virgens, matas espessas como aparecerão em outras anotações históricas, indica formações vegetais que se diferenciam na paisagem baixa e de médio porte do cerrado. Além disso, a confecção das canoas para as monções, esculpidas num único tronco de madeira, exigia a existência de formações vegetais maiores e mais grossas do que as que se apresentam no cerrado. Mesmo hoje, quase 300 anos daquela primeira descrição, o viajante observador ainda se depara na região com florestas densas e cerrados remanescentes. Enquanto essas florestas se ergueram nos locais onde a condição do solo permitiu seu enraizamento, isto é, solos vermelhos, profundos, argilosos e humosos; o cerrado lato sensu se ergueu nos solos menos férteis.
Os primeiros habitantes da região foram os índios Caiapós, tribo indígena que pertencia ao grupo lingüístico Jê (conhecidos por Tapuias pelos índios Tupis do litoral). Os Caiapós viviam em aldeias dispersas pelas florestas e campos da região. Cultivavam pequenas plantações e, como povo seminômade, dependiam da caça, da pesca, da coleta de mel silvestre e frutas nativas como a jabuticaba, o araçá e o maracujá. Eles fabricavam instrumentos para o trabalho, utensílios e outros objetos de cerâmica, como as igaçabas (urnas funerárias) onde os mortos eram colocados para serem sepultados.
Cada indivíduo era dono de suas próprias armas para caça (arco e flecha), porém as terras e plantações pertenciam ao grupo. As funções dos homens eram desbravar o mato, preparar a terra para a plantação, construir  as canoas, caçar, lutar contra os inimigos  e proteger o grupo. As mulheres cultivavam a roça, fabricavam a farinha e cuidavam das crianças.

Índios caiapós que habitavam a região
Como estes, a localização dos sítios ceramistas pré-coloniais da tradição Aratú-Sapucai no norte do atual estado de São Paulo e Minas Gerais também se encontram quase que invariavelmente em regiões colinares perto de rios ocupando grandes superfícies de até 500 metros (Prous, 1992, p. 350) numa região definida como “o universo regional das chapadas, domínio de matas e cerrados” (Morais, 1999/2000, p. 209); ou ainda, “ambientes abertos, de relevo ondulado suave a forte, geralmente em ambiente de mata e raramente nos cerrados” (Oliveira e Viana, 1999/2000, p. 162). Na região de Monte Alto os vestígios apontam, tal qual essa tendência geral, para a exploração de diferentes ecossistemas, com o manejo tanto de “ambientes tipicamente de florestas”, como “cerrados ou áreas não florestadas (Alves e Calleffo, 1996, p. 136), e isso se encaixa perfeitamente nas descrições dos ambientes dos Campos de Araraquara onde o cerrado aparece entremeado a florestas e matas subtropicais.
Indícios também apontam intrusões de elementos dos Jê centrais ao norte do território paulista e ao longo do rio Grande, representado, entre outras, pela tradição ceramista Aratu ou Sapucaí que chegou a se estabelecer na Serra de Jaboticabal (Alves e Cheuiche Machado, 1995; Alves e Calleffo, 1996). Conhecidos pelas grandes aldeias agrícolas e o sepultamento secundário em urnas, os Aratu Sapucaí estavam firmemente instalados na região e parecem ter contido a expansão dos Tupiguarani ao norte pelo curso do rio Grande.

Museu Municipal de Arqueologia de Monte Alto, sítio de Água Limpa:





Os estudos no sítio de Água Limpa concluíram efetivamente que “alguns dos animais encontrados nesse sítio são tipicamente de ambientes de floresta, enquanto outros são típicos de áreas de cerrado ou não florestadas” (Alves e Calleffo, 1996, p. 136). E, segunda constatação, que os assentamentos Aratu-Sapucai eram agricultores – ceramistas que conservavam como prática social a caça, coleta e, em menor escala, pesca e, de acordo com as características do material escavado e das discussões acima propostas, pertenciam à tradição Aratu-Sapucaí, conclusão que aparece, também, nos comentários da arqueóloga responsável pela equipe de escavação em Monte Alto (Alves, 1999).
Sob essa designação desde cedo eles aparecem ocupando, na região aqui em estudo, uma extensa área ao norte e noroeste do atual estado de São Paulo e triângulo mineiro, fazendo incursões ao centro do interior paulista, nos chamados Campos de Araraquara. De acordo com a documentação consultada, durante os séculos XVII, XVIII e XIX eles mantiveram uma presença bastante ampla e pareciam ocupar um território contínuo que se estendia por todo o norte do atual estado de São Paulo até às imediações do Distrito Federal e, no sentido leste – oeste, do triângulo mineiro ao norte de Mato Grosso do Sul. A presença marcante desses grupos e a belicosidade dos mesmos condicionaram por todo os séculos XVII e XVIII o acesso luso-brasileiro às minas de Mato Grosso e Goiás. Vários documentos da época relatam episódios sangrentos envolvendo os ataques Cayapó aos viajantes e habitantes dos caminhos que conduziam às minas. Em um Registro de Bando datado de 1745 assinado por d. Luiz de Mascarenhas se lê: [...] Gentio bárbaro da nação Cayapó, e os mais q.’infestão o caminho de povoado emthé as minas de Goiaz [...] matando e roubando aos Viajantes que vão, e vem, e aos roceyros insultandoos em suas próprias cazas, queymando-lhes citios, e os payoys em que tem recollido os seus fructos matandolhes também os seos escravos, cavallos, porcos, e mais criações havendose com tão bárbara crueldade, que nem as crianças perdoam, nem dão quartel a pessoa alguma.
Devido a diferentes episódios históricos dessa natureza os Cayapó foram, por um lado, o paradigma anunciado da barbárie e forneceram às autoridades coloniais as ferramentas para a construção de uma “alegoria da colonização”. Por outro lado, através de sua ação histórica os Cayapó recriaram na relação com o não-índio (os outros) a ação mitológica e a razão de sua organização sócio-espacial.


Mata Atlântica: na área onde está Colina, em verde, o sub bioma Florestas Úmidas do Alto Paraná e em marrom os cerrados dos campos rupestres... Fonte: wwf
Município: Colina – SP fonte: sos mata atlântica - http://mapas.sosma.org.br/#
Cobertura Original da Mata Atlântica: 17% Remanescentes: 5%
Mata:
401.16 ha Mangue: 0.00 ha Restinga: 0.00 ha

Conclusão: o município de Colina tinha 17% do seu território coberto de matas e o restante eram cerrados... O lamentável é que somente 5% das matas permanece.

Descobertas arqueológicas evidenciam a ocupação da região antes da chegada do homem branco...


- vide página acima sobre arqueologia

além do sítio de Água Limpa, em Monte Alto, outros achados arqueológicos foram encontrados na região:

clique aqui: Açúcar Guarani - achados arqueológicos em Olímpia SP

Estudantes vão aprender sobre sítio arqueológico colinense
Professores da rede municipal de ensino participaram da oficina didática do Programa de Educação Arqueológica “De Bem com o Passado”, realizado dia 26 de julho no auditório da Secretaria de Educação pela antropóloga Louise Prado Alfonso, de São Paulo. -
O Colinense, 8/8/2010

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