sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fazenda São José dos Macacos

Houve uma época em que grandes fazendas eram verdadeiras vilas: contando com armazém de secos e molhados, bar, sorveteria, açougue, barbearia, farmácia, correio, centro telefônico, costureira, bordadeira, escola, etc, atendendo a fazenda propriamente dita e as demais nos arredores... É o caso de São José dos Macacos, Monte Belo, São Joaquim, Mandaguari e Fazenda do Governo, das que temos registro. Com estas atividades mais ou menos presentes atendiam os colonos e fazendeiros da época. Clubes, festas, quermesses, carnaval, bailes de salão, bocha e futebol faziam parte do lazer daquela época. Nas festas dos Macacos, havia um sanfoneiro muito bom, o Joaquim Menino, avô do Padre Santana... e muitas outras histórias...

São José dos Macacos por Maria José (Zezé) Salvatore

São José dos Macacos era uma vila formada por fazendeiros de café, pequenos comerciantes e colonos que trabalhavam nas fazendas.
A vila era uma única rua que tinha início em um mata-burro que ia e vinha de Colina terminava na fazenda Caxambu de Sr. Mario de Felício. Varia paineiras enfeitavam a rua onde uma delas abrigava o ponto de ônibus. Compunha-se de dois armazéns: Um do turco Amim e outro da família Angola. A farmácia era do seu Nestor os bares eram quatro: um pertencia ao Miguel e sua irmã Aurora, outro ao Cassim, outro ao José Ambrosio da Silva meu avô, conhecido na minha casa como vô Doce porque nos dava doce quando íamos visitá-lo, o último era uma espécie de mercearia. O centro telefônico ficava anexo à farmácia, era um emaranhado de pinos e fios que se acoplavam nos números. Essa era a única tecnologia que depúnhamos.
A farmácia pertencia ao Sr. Nestor. Na vila tinha dentista, parteira, sapateiro, alfaiataria, campo de bocha, açougue, barbearia, campo de futebol onde aconteciam grande partidas. As festas corriam á solta, pois o povo era muito alegre. Não tínhamos nenhuma infra-estrutura.
A luz era lampião ou lamparina, água de poço e alguns fazendeiros tinham geradores de energia e o carro fordinho que para funcionar usava-se manivela.

O dia a dia das pessoas
Amanhecia; Às cinco da manhã, nos currais os campeiros tiravam leite das vacas. Os colonos já estavam com o almoço no bornal a caminho da lavoura. Os fazendeiros já estavam com seus cavalos selados para vistoriarem as lavouras.
No terrerão de café algumas pessoas trabalhando para a secagem do café. As crianças iam para a escola.
As mulheres que tinham a oportunidade de ficarem em casa cuidavam das tarefas caseiras onde: Puxavam água do poço, torravam o café, fazia o sabão, os pães e costuravam as roupas da família. Matavam frangos, faziam lingüiça, e destrinchavam porcos que eram guardados em latas de banha para servirem de mistura.

A escola
Era a escola mista da Fazenda Santa Catarina tinha somente três séries (1º ano, 2ºano e 3ºano) tudo era junto, uma única professora. No ano que estudei vinha de Colina a professora Ione Guarniere que lecionava na época. Uma coisa curiosa que guardei foi que: Quando o inspetor ia á escola fazer exames dos alunos à jardineira buzinada três vezes para avisar a professora que o inspetor vinha chegando. Tínhamos exame de leitura, português e matemático e repetíamos se a média não atingisse cinco. Enfrentamos castigos , reguladas, apelidos e nem por isso sofreríamos de Bullying nem conhecíamos a palavra éramos felizes.
O quarto ano era em Monte Belo na escola da Dna Zenaide Paro ou no grupo de Colina.
Cantávamos o hino nacional todas às semanas.

Brincadeiras da época
Na época dividia-se em meninos e meninas
As meninas brincavam de boneca, (As bonecas eram feitas de: espiga de milho, de pano e de papelão), casinha, bugalha, pique esconde, pula corda, pula pau, jogamos bola na parede e bola atrás, brincávamos de roda, (onde predominava as cantigas) brincávamos: de ser professora, médica, dona de casa e outras profissões.
Os meninos jogavam bolinhas de gudês, futebol com a bola de feita de meia, pipa, carrinhos feitos de lata ou de madeira, pescavam, andavam a cavalo, caçavam passarinhos com arapucas, alçapões e estilingues, alguns trabalhavam nas lavouras.
Nota-se que as crianças eram muito criativas os brinquedos eram feito por elas.

Uma coisa triste e “hilária” ou pitoresca para mim:
Os defuntos eram velados nas casas em cima das mesas.
Após o velório o defunto era carregado para cima de um caminhão ou carreta de trator para ser enterrado em Colina. Os participantes do funeral iam à volta do caixão com todo respeito, tiravam os chapéus e iam rezando o terço. Na volta era uma festa. O caminhão parava na sorveteria de Colina onde todos tomavam sorvetes e os mais afoitos dos senhores tomavam pinga e vinham cantando e contando causos. Isso era o muito divertido para mim.


A MENINA

Vem eguinha preta
Minha companheira de estrada 
De macaco a Colina 
Ta me dando saudade 
De o seu trotar e da sua crina
Era minha eguinha 
Chamada Menina
Fui embora e te larguei
Foi preciso você sabe!
Nunca te esqueci Menina
Hoje envelheço e não sei
Cadê você menina? 
Será que morreu?
Da uma dor no peito só pensar.
Eu queria tanto te ver 
Só tenho teu retrato
Que levo na minha alma 
Como uma experiência amorosa,
Adeus querida Menina!!!!

zezesalvatore




CADÊ MINHA CASA DO SERTÃO?



Caipira tem casa 
Tem amigo, sofre de solidão.
E porque tem saudade 
Do um tempo que era bom

AH! Saudade aperta
Quando vejo minha casa abandonada
De pintura desbotada 
Sem porta, sem janela, 
E sem tramela

A porteira ta fechada cadeada
Lá a gente não entra não
Se tudo aquilo era meu 
Por que agora não posso não?

Contando-te aqui estou
Dividida entre o passado e o futuro
Mesmos com tanta tecnologia
Que o presente tem me dado

Perdi a fé na simpatia
Reconstruo a minha estória caipira

zezesalvatore



MEU ORGULHO CAIPIRA

Orgulho-me de ser caipira
Do lugar onde nasci
Defendo tudo com alegria
De São José dos Macacos a Colina
E não aceito desrespeito
Na minha tradição
Muitos não me conhecem 
Mas tenho o prazer de dizer
Sou Maria e José do meu lugar
Sou mistura de índio, africanos,
Português. Sou brasileira
Sou a filha das nossas brenhas
De nossos campos, das nossas montanhas.
Dos vales caudalosos;
De rios, ribeirões e os riachos.
Sou caipira de paixão
E tenho a escola e
A religião como obrigação.

ZEZESALVATORE



Essa é a primeira igreja de São dos Macacos. Padroeira: Nossa Senhora das Graças

Por onde andas Bela
A Bela minha irmã de coração saiu para ir no terço e desapareceu nunca mais tivemos notícias seu nome era Bela
A procuramos por varios anos até hoje não a encontramos
Bem ao fundo se ve parte da colonia do meu avô José Perez

Maria José Salvatore: eu fiz a primeira comunhão Com o Cônego Plácido dia 10 de Novembro de 1957 em São José dos Macacos


São José dos Macacos por Inah Cabral Paro
original publicado no livro:
Colina Capital Nacional do Cavalo,
de Syria Drubi

 





 2011




 fotos de Antonio Sérgio Torquato

nesta esquina ficavam o Armazém, Farmácia e Barbearia (onde está a primeira arvore), foto de Antonio Sérgio Torquato que escreveu:
Aí nesta esquina de estradas onde tem a arvore à direita da foto, ficava o armazém e era parada obrigatória da Jardineira que fazia as viagens de Colina a Severínia. Do lado esquerdo está a Capela de São José dos Macacos. O carro é meu mas fiquei perdido nos canaviais.









(1984) Fazenda São José dos Macacos - 

7 comentários:

  1. Paulo Henrique Silva Garcia28 de outubro de 2012 às 08:05

    Acrescento, como filho de Henrique Garcia e neto de Santiago Garcia e tendo ali vivido minha infância pois a sede da Fazenda Santa Catarina e Bagagem de meu pai ficava logo após a igreja situada descendo a estradazinha ao lado da Farmácia do Sr. Nestor (em frente a cadeia e acougue): São José possuia um gerador de luz que instalado na Farmácia do Sr. Nestor era ligado diariamente à tarde pelo seu filho Nelson (hoje Delegado de Polícia na Capital) e desligado às 22 hs. como presenciei inumeráveis vezes nos anos 50; da frente da Farmácia do Sr. Nestor avistava-se a sede da Fazenda que pertenceu a meu avô Santiago Garcia e onde minha avó D. Josefa ainda residiu muitos anos com minhas tias Ângela e Maria que com ela viviam após o falecimento de meu avô; Pedro Garcia, casado com D. Zenaide a professora mencionada no artigo, ficou apenas com uma pequena parte da Fazenda pois Santiago Garcia teve quatro filhos e duas filhas que herdaram a parte da Fazenda que cabia a meu avô: algumas pessoas, como meu avô, também possuíam casa em Colina, tanto que meu avô faleceu ao entrar em casa, em 1946, ao lado da Matriz. O Sr. Cabral, com seus cabelos brancos, acabou por vender sua Farmácia e mudar-se para Colina aonde possuiu outra Farmácia, situada na R. 7 de Setembro em frente ao Bar Marabá e Casas Pernambucanas.

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    1. Muito obrigado, Paulo Henrique Silva Garcia... Se houver algo mais que queira acrescentar, fotos da família, etc, por favor, nos envie pois assim conseguiremos resgatar pouco a pouco a história de Colina. Abs...

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  2. Olá, minha mãe, Olivia, nasceu nessa fazenda em 1913. Era filha de Demitilde Miranda e Maria Gejon, ele mulato e ela austriaca. Ja tive a felicidade de conhecer essa fazenda, já faz alguns anos e fiquei emocionada ao ver as casinhas dos colonos da época de minha mãe que as descevia para mim. Tentei manter contato com os donos para, quem sabe, conseguir algum documento sobre meus avós,mas não tive sucesso. Meu nome é Cacilda Moro de Lucca e meu email caca065@hotmail.com Se alguém puder me informar se é possivel eu conseguir algum documento ficarei sempre grata.

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  3. Eu sou neta do Sr Ilidio Ferreira colono dessa fazenda minha mae Joana cresceu estudou la e foi empregada na casa do Sr Mario de Felício. Eu nao morei la mas passava ferias na casa dos meus avós lembranças maravilhosas do pe gigante de ciriguela das paineias o riozinho no quintal onde no Natal eram enterradas as garrafas de guaraná para ficarem fresquinhas. Meu pai tinha um caminhão e em muitos velórios do meu bisavo paterno minha bisavo tias e conhecidos ia quem quisesse ao enterro em Colina todos em cima do caminhão.As ferias da escola la eram incriveis. A casa branca com portas e janelas vermelhas o chao de terra batida muita flor minha avo Alzira caprichosa o fogão a lenha sempre tinha um ovo cozido na chaleira que o dia todo ficava ali no fogao acesso. A hora do banho na bacia gigantesca de aluminio. Lamparinas a noite. Uma lona era estendida na grama pra deitarmos e contarmos as estrelas e sonhar. Nunca mais vi um ceu como aquele. De manha lavar a louca na bica logo abaixo da casa deixar os aluminios brilhando com areia nadar no rio com a supervisao da vo Alzira pra refrescar o calor sao tantas lembranças meu Deus. A fazenda Sao Jose dos Macacos ficou na memoria de 4 geracoes da minha familia. Fomos felizes e ainda hoje as memórias amenizam o que restou que foi a saudade.

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  4. Que bacana, estava conversando com meu pai sobre seus avós, comecei a pesquisar onde ele nasceu na fazenda São José dos Macacos e achei seu blog...fez meu pai lembrar de várias famílias que conheceu na infância, meu pai é da família Martins, Pérez e Sanchez Que bênção ter esses lembranças .Ele fala que tem o sonho de voltar nesse lugar.

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  5. Meus pais e irmãos moraram na Fazenda São José dos Macacos, entre 1938 e 1942. Aí nasceram dois dos meus irmão (João e Aparecida). Meu irmão Rafael foi internado em Santos, onde mais tarde veio a falecer. Gostaria de saber mais sobre esse lugar.

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  6. Meu Pai nasceu também nasceu em São José dos macacos,Jamil Nogueira, e meus tios Valdir Nogueira e Aparecido Nogueira, meu avós Orival Gonçalves Nogueira com a minha avó Alzira Amaro Nogueira que conviveram a mais tempo em São José dos macacos, história bem legal

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