Paredes para o infinito
A Cecília Scharlach,
que uniu imagem e texto, e
Marcos
Villas Boas,
que transcendeu meus rabiscos
Feira Internacional do Livro-2.009,
em Frankfurt. São lançadas as “Crônicas do Inesperado” e sou intimado pela Cecília Scharlach, minha editora, a dizer
umas palavras de apresentação da “obra”. Li uma crônica (sobre os remorsos de Obdulio Varela na
Copa de 1950) e dei umas explicações sobre como me havia recusado a escrever as
memórias que os amigos me cobravam,preferindo veicular meu depoimento de
carreira, e vida, na forma mais amena e
despretensiosa de lembranças - apontamentos esgarçados, às vezes excêntricos,
antes que registros empolados, egocêntricos. Também falei do título inicial,
“Crônicas Relutantes”, evoluindo, a meio caminho, para “Crônicas Arrependidas”,
até eu alcançar o imprevisto de concluí-las, de onde o nome final, “Crônicas do
Inesperado”...
Mas logo mudei de enfoque (se o
autor dá muita explicação, é por que a obra é obscura – ou simplesmente não
presta) e passei a chamar atenção para as fotos que acompanham o tal livro, de
Marcos Vilas Boas, enaltecendo-as, como de justiça, por sua beleza estética
invulgar e a singular perturbação espiritual que podem inesperadamente causar.
Com efeito, a mim a contemplação
das fotos como que atrai para o horizonte distante, mas logo me remete de volta
ao ponto de origem, desencadeando uma introspecção provocadora – a busca
inquieta de meu lugar naquele espaço ilimitado e intrigante, embora apenas
sugerido. Lembrando o belo verso de juventude de meu amigo e vizinho de Heidelberg, o ensaísta e
historiador (e poeta!) Luiz Alberto Moniz Bandeira, disse então, no lançamento,
que as imagens de Marcosacabam nos aprisionando em “quatro paredes cheias de infinitos”.
Aprisionando ou libertando?
Na verdade, as fotos
arremessam a uma comunhão inesperada com o sem-fim e o sem-começo
inescrutáveis, denunciando nossa ignorância metafísica com respeito a origens e destinos - o enigma supremo, e sublime.
Queria publicar aqui
algumas das fotos do Marcos. O scan das
que aparecem no livro não deu certo. Mas em http://cargocollective.com/marcosvilasboas/9452988 , de
uma exposição de 2008 na Galeria D-Concept, aparecem diversas outras obras que,
se não são as mesmas do livro, com elas se parecem muito.
Há gente competente, muito bem
informada e com exigente sensibilidade crítica, que hoje considere o Marcos seu
fotógrafo favorito no Brasil.
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